sábado, 12 de setembro de 2009

Faixa de Areia - Um espaço para subdivisões.

Dia desses zapeando os canais da NET paro no canal Brasil como de costume, e vejo que passa um documentário sobre praias, várias pessoas dando depoimento sobre o prazer de ir à praia, alem daquelas que trabalham vendendo comidas e bebidas. Pareceu banal, mas não mudei de canal. E não é que ele é interessante? O documentário em questão se chama Faixa de Areia. O filme das diretoras Flávia Lins e Silva e Daniela Kallman extrai diferentes pontos de vista dos entrevistados sobre a ida a esse espaço entre o asfalto e o oceano. E os tipos são muitos. Casais que se conheceram e estão juntos até hoje, vendedor de quitutes que comprou casa e paga o estudo dos filhos com o lucro dos dias de sol, patricinhas que vão paquerar e ser paqueradas, playboys , gays , todos se divertem em alguma das belas praias do Rio de Janeiro.

Na fala dos entrevistados uma idéia persiste. A praia é um espaço democrático. É lá onde ricos e pobre se misturam com o mesmo propósito. Bebem, comem, riem, tomam banho de mar, pegam jacaré. A entrada é franca, não existe muro de concreto para separar os granfinos da Avenida Atlântica e Vieira Souto da ''massa'' que vem do subúrbio ou da baixada. Mesmo sem a presença de uma barreira física, no entanto, é evidente uma divisão entre os vários tipos que freqüentam o lugar. Cada tribo tem o seu espaço, os gays no posto 9 de Ipanema, os mauricinhos e patricinhas no posto 10, os suburbanos no outro lado, de preferência longe. Na praia do Flamengo, uma mulher elogia o local , para ela é um lugar tranqüilo com muitas famílias; quando questionada se a incomodaria se ônibus vindo do subúrbio parassem naquele ponto, ela foi enfática: " incomodaria sim''. A moça reclamou que seria ruim dividir o espaço com pessoas sem educação e crianças que correm jogando areia para todo lado, para finalizar levantou uma questão. '' não tem o piscinão de Ramos? Porque eles não vão para lá?''. De maneira sutil, sem esbarra no clichê hipócrita e politicamente correto do ''rico opressor x massa trabalhadora'', Faixa de Areia provoca o espectador. Afinal, até que ponto a praia é um local democrático? Pode ser considerado democrático um ambiente cuja população rica, instruída se divide daquela com renda (status quo ) inferior por não compreender e (ou) não aceitar seus hábitos diferentes?

A proposta do filme não é só essa, sei disso; reafirmo que a provocação não está envolta em nenhum discurso '' antielite ''. Não existe maniqueísmo; antes de mais nada, ele faz uma ode às belas praias do Rio de Janeiro desde as famosas e badaladas Copacabana, Ipanema,Arpoador e Barra até a belíssima e quase deserta Grumari. Em um espaço heterogêno, as diferenças sociais e ideológicas, e subdivisões criadas por preconceitos, existem. As documentaristas as filmam, e observam com sábio distanciamento. Belo documentário esse Faixa de Areia

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Qual foi a boa do fim de semana? REC.

Sempre tive medo de filme de terror, me surpreendeu o fato de saber que até o Sam Raimi também tem medo, adorou ' Os outros ' mas não sabe quando encará-lo novamente. Eis o mesmo motivo, pelo qual comprei " O iluminado ' a uns 6 meses e ainda não revi. Enfim, neste fim de semana aluguei o REC, demorei, adiei, mas sábado o escolhi. O elogiado filme espanhol é mesmo bom, muito bom por sinal, está acima da média se levarmos em conta a mediocridade do terror contemporâneo( Arrasta-me para o inferno é uma exceção, lógico) cuja insistência nos remakes de filmes orientais - vai lá ' O chamado' é maneiro, 'O grito' tem seu valor, mas ninguém agüenta mais essas japonesas de cabelo longo e os pequenos japas de boca grande - ou em outros que usam o aumento da trilha sonora como principal artifício para assustar.

Parecido sim, mas melhor que o ''primo'' A bruxa de blair, REC usa o artifício da câmera na mão e o estilo documental com maestria. Além da excelente utilização do som, que tem que soar ''falho'' justamente para parece que está sendo captado pela câmera do cinegrafista, mas ao mesmo tempo audível para o espectador, e da fotografia correta, as atuações são perfeitas o que confere verossimilhança ao longa. E garantir essa verdade é uma obrigação a um filme como esse, o que ao meu ver ' A bruxa de blair' deixou a desejar com as atuações falhas.


Vai lá! corre na locadora e aluga REC, mas deixa a pipoca, a cerveja e o beijo na boca para depois. Assista concentrado.

domingo, 16 de agosto de 2009

Veronika decide morrer

Veronika decide morrer ( 2009 )
Direção: Emily Young
Roteiro: Larry Gross, Roberta Hanley.

Algumas adaptações para o cinema são fiéis aos livros e costumam agradar aos fãs das obras literárias - que insistem na idéia equivocada de compará-las com o filme, como se existisse a possibilidade de um livro ser melhor que o filme ou vice versa - outras são polêmicas, não são tão fiéis o que não quer dizer que sejam ruins. Ainda não li ‘Veronika Decide Morrer’ do Paulo Coelho, mas o filme da diretora Emily Young, carece de uma protagonista talentosa, um bom roteiro e direção competente. Resultado: Eis uma adaptação que não funcionou.

Veronika( Sarah Michelle Gellar) é uma bela jovem, com um bom emprego e que mora num confortável apartamento em Nova York. Porém ela não é feliz, julga a vida que leva como previsível, sem sentido. Certa noite, ao chegar em casa, toma uma overdose de medicamentos. Ao acordar num hospital psiquiátrico aos cuidados do doutor Blake (David Thewlis), descobre que terá poucos dias de vida. Infelizmente Sarah Michelle Gellar provou ser incapaz de garantir o peso dramático suficiente ao personagem; além de inexpressiva e de sempre lançar o olhar sedutor quando dialoga com alguém do sexo masculino ( tudo bem que ela é gostosinha, mas cá pra nós ela não está em ‘ Segundas Intenções’) ela é responsável por uma da cenas mais constrangedoras do filme quando se masturba tocando piano enquanto flerta com Edward( Jonathan Tucker), rapaz até então mudo devido um trauma. A seqüência revela-se apelativa e beira o vulgar justamente pelas caras e bocas inadequadas da loirinha.

Além disso o filme se perde por conta do roteiro fraco que não explora os coadjuvantes ao ponto de nos convencer que são importantes no processo de melhora da protagonista. O romance entre Veronika e Edward revela se artificial, assim como o contato frio e breve com o psicanalista. Os diálogos expositivos estão presentes em algumas situações; naquela a qual Veronika descobre algo importante sobre Edward – o que acabamos de descobrir segundos antes, e no momento da conversa com o doutor Blake após a cena do piano.

A narrativa ainda encontra outros empecilhos que somam pontos negativos. O uso de planos abertos na clínica psiquiátrica é exagerado, bastava filmar a fachada do local uma vez, mas a diretora parece que quer nos lembrar a todo momento que ali funciona a tal clínica. Metáforas clichês como a da ‘ pessoa afundando na água’ para simbolizar algo negativo’ e no sol nascente como mostra de esperança, e de que ‘ bons tempos que estão por vir’ também poderiam ser evitadas.

Não foi dessa vez que uma obra do mago pop star literário teve uma adaptação representativa no cinema.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

O bom filme ruim.

Ed Wood é considerado o pior diretor de todos os tempos, e seu filme 'Plan9 from outer space' é cultuado justamente por ser tão ruim. Ao encotrar o trailer deste filme, que se chama Mega Shark x Giant Octopus e foi lançado direto em DVD nos Estados Unidos, confesso que fiquei com vontade de assistí-lo numa das Maratonas do Odeon, arrisco a dizer que ele seria aplaudido. Os efeitos são ruins, a produção é tosca mas o tom nonsense parece garantir um passatempo hilário. Será que ele chega ao Brasil?

Se cuida Rolland Emmerich!!!!

Confere aí !

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

A SET está de volta!

2 horas de sono, acordo, banho, café da manhã,mp4, los hermanos, ônibus, cheio, em pé, trânsito, Alvorada, um saco, calor, UGF, aula de Projeto Experimental, monografia, tcharammm, Jornalismo cultural, tcharammmmm, cinema, revista SET Objeto de Estudo, fim de aula, nobel, não tem a revista, barrashopping?, barrashopping, ônibus, barrashopping, travessa, revista amassada, saraiva, COMPRO A SET, ônibus, sono, casa......

Hoje, finalmente hoje, depois de quatro anos cursando jornalismo - com todos os atrasos devido a trânsferência do curso de Aracaju para o Rio de Janeiro - defino o tema da monografia. O retorno da revista Set contribuiu para essa escolha.

sábado, 8 de agosto de 2009

O Melhor da Maratona!!


'Arrasta-me para o inferno' foi o último filme da Maratona Odeon de agosto. O longa do diretor de Evil Dead, transcorreu em meio às inevitáveis gritarias do público, apesar da minha raiva com os insuportáveis comentários infames e gritinhos nas salas cheias de adolescentes e muitos jovens adultos com idade mental compativel com a de garotinhas fãs de Jonas Brothers, confesso que encarei muito bem a algazarra desta sessão e digo mais, de algum modo me vi envolvido nesse meio, aplaudi e gargalhei como jamais havia feito. Por que será heim? O que será que fez esse cara chato, que se incomoda tanto com barulho no cinema ter se comportado de maneira tão ' infantil '?
A resposta. Sam Raimi. Sim, o mesmo cara que me fez vibrar com o absurdamente nojento, ilógico e engraçado 'Uma Noite Alucinante' filme que assisti lá pelos idos de 1998 tempo que gravava em VHS qualquer coisa que passava na TNT ou HBO, volta a me impressionar. Um pouco mais de 20 anos depois, após alguns filmes meia boca e a bem sucedida trilogia Homem Aranha , Sam Raimi realiza outro trash. Puro trash, Horror B sem medo de ser B; o que mais me surpreende em 'Arrasta-me para o inferno' é o fato de ser tão fiel e garantir autenticidade a um gênero comum nos anos 80 e esquecido na década atual.
A história. Uma garota loira e muito sexy leva uma vida normal e trabalha num banco que concede empréstimos. Certo dia, para provar ser capaz de tomar uma decisão difícil e conseguir um cargo melhor, ela nega dinheiro para uma velhinha sinistra. A velhinha sinistra lança uma maldição e a loirinha passa a ser atormentada por espirítos malignos. Com a ajuda de um médim, ela procura quebrar a maldição. A apartir daí muito susto, sangue, e sequencias bizarras estão por vir em um filme no qual o exagero está sempre presente; seja no aumento abrupto da trilha sonora nas cenas de susto, nas brigas intensas entre a velha e a mocinha ou nos inconcebíveis e pra lá de piegas diálogos românticos entre a mocinha e o namorado logo após uma sequencia aterradora. Tudo propositalmente inverossímel.
Repito o coro de boa parte da crítica americana. ' Arrasta-me para o inferno' é o melhor filme de terror dos últimos anos.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Hoje tem Maratona Odeon

É... escrevi uma vez no twitter que a minha preguiça está mais forte que a cinefilia e isso não é nada bom. Minha capacidade de adiar as coisas que posso fazer amanha, para depois de amanha ou para a próxima semana me irrita profundamente. Mas desta vez não passa, depois de 1 ano 6 meses no Rio irei a tal maratona cinematográfica no Cine Odeon.

Os filmes da maratona são: Veronika decide morrer( Adaptação da obra do Paulo Coelho)
Confissões de uma garota de programa( filme do Steven Soderbergh)
Arrasta-me para o inferno( filme do Sam Raimi )


Minha maior expectativa é no último filme. Ao Assitir no youtube, o trailer de ' Arrasta-me para o inferno' ele me pareceu uma mistura de 'A maldição do cigano'( filme baseado num livro de Stephen King) com o excepcional 'Uma noite alucinante'( também do Sam Raimi). Quando meus pensamentos nostálgicos vêm a tona, logo recordo do cine trash de 1996 e das ' trasheiras ' dos anos 80 que eu descobri na época da série de filmes apresentada pelo Zé do Caixão.


Não é recomendável criar expectativas antes de assistir um filme, evito sempre cair nessa armadilha, mas ao me recordar de imediato do antigo clássico do Sam Raimi ao assistir o trailer do seu novo filme, foi impossível ficar indiferente. Espero não me decepcionar. Que venha a maratona.
Aqui estou na minha quarta sei lá quinta tentativa de manter um blog. Posso dizer que um deles ainda está ativo, mas carece de uma postagem a mais de um mês. Bem, não gosto dessa coisa de fazer do blog um ' diário pessoal', não é fácil para um sujeito tímido e introvertido como eu( olha eu queimando a lingua e falando de mim) expor alegrias, vitórias, derrotas ou angústias existenciais com primor, como tanta gente faz nesses espaços.

Arriscarei, no entanto, análises totalmente parciais, além de narrativas acerca de andanças pelo centro e idas ao cinema, filmes assistidos em casa nos fins de semana antes ou depois de tomar uma cerveja ou comer pipoca, afinal, comer pipoca na hora do filme é pecado.


Bruno Mendes